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Aprendendo a lidar com a sensação de vazio


A sensação de necessidade e carência foi descrita pela filosofia, pela psicologia, pela literatura. “Na mitologia grega, a mãe de Eros, o desejo, é a Penúria, a falta. Sabiamente, os gregos colocavam a carência como a origem de tudo que desejamos na vida. Para eles, esse gosto de escassez, de insuficiência, de insatisfação era a grande impulsionadora que dava partida às nossas ações, planos e sonhos”.. Perceber isso gera alívio. Muita gente não consegue identificar esse aperto no peito que nos angustia e não percebe que ele está ali presente. Ao dar um nome a esse sentimento difuso, mas insistente, a vida pode reorganizar-se de uma forma diferente. Podemos reconhecer o que nos incomoda e, mais que isso, observar como essa falta primordial é capaz de conduzir, nem sempre de uma maneira mais sábia, a maioria dos nossos movimentos existenciais. Tendo por base essa nova consciência, é possível, então, uma regulação mais equilibrada de nossos desejos: a partir no momento em que sabemos o que os origina, podemos administrá-los melhor. Se admitimos que essa falta jamais será preenchida com as ilusões do universo material, ou mesmo emocional, vamos abrandar a fome insaciável com que nos atiramos às pessoas e às coisas. Desta forma, é possível contentarmo-nos mais com a vida, e até nos alegrarmos e nos sentirmos gratos com o que já temos, pois atendemos a essa necessidade de outra forma. “Não se trata de suprimir o desejo, mas de transformá-lo: de desejar um pouco menos aquilo que nos falta e um pouco mais aquilo que temos; de desejar um pouco menos o que não depende de nós e um pouco mais aquilo que de facto depende”. O psicanalista francês Jacques Lacan afirmava que esse vazio primordial alimenta a procura do homem por sua própria verdade. Portanto, para Lacan, a falta não é, em si, negativa ou indesejável, mas o poderoso estopim de uma busca interna que pode se tornar reveladora. A lógica é simples: se espero conseguir algo, é porque me falta alguma coisa, certo? Portanto, a esperança primordial, aquela que alicerça todas as outras esperanças que habitam nosso coração, é nossa vontade de conseguir preencher esse vazio que nos consome. Por isso mesmo, os estóicos desconfiavam muito dela. “Esperar um pouco menos, amar um pouco mais”, propunha essa antiga corrente de filosofia da Grécia. Noutras palavras, mais ação e menos expectativas. Ao colocar o desejo de satisfação no futuro, deslocamo-nos do presente e aumentamos a nossa angústia. Para evitar isso, os estoicos adotavam uma medida prática: satisfaziam-se com o que tinham. Para eles, desejar mais do que o momento proporciona era garantia de infelicidade. Viver entre a esperança de ter, ou ser, e o medo de não ter, ou de não ser, pode se tornar outra forma de tortura. “O medo é a face complementar da esperança. Temos esperança porque, no fundo, temos medo de não ter nosso desejo satisfeito. Esperamos que ele se realize, mas temos medo de que ele não se realize”. Em suma, para não sofrer tanto com as expectativas, é necessário aceitar a vida como ela é, e reconciliar-se consigo mesmo. “É possível fazer planos, é claro, mas não depender disso para ser feliz. A felicidade está dentro de nós, e não fora, no outro, no futuro ou em outras circunstâncias”. Ao constatar isso, fica mais fácil livrarmo-nos de outra forma de sofrimento ocasionado pela falta: a inveja. Fonte:Vida Simples Adaptação: Bodhisattva Reiki


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2016 Reflexos de Holus

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